Utilizado muito na Engenharia de Manutenção e Confiabilidade, a “Bathtub Curve” (Curva da Banheira) também conhecida como curva “S”, é um método estatístico para análise de falhas de um ativo. Trazendo para uma explicação menos formal e técnica, esse método consegue definir a durabilidade de um equipamento.
Trazendo para a área de elevadores, é uma das ferramentas que mais gosto de utilizar para mostrar as falhas do elevador, demonstrando porque ocorre falhas quando é instalado, durante sua vida útil e por que quando chega a fase de envelhecimento essa taxa de falhas começa a crescer, criando assim um alerta que chegou talvez a hora de modernizar o equipamento.
Com isso, trouxe esse pequeno artigo para compartilhar a utilização dessa ferramenta com a área de elevadores.
CURVA DA BANHEIRA DE UM ELEVADOR
Segundo alguns especialistas e engenheiros da área de transportes verticais, um elevador tem que ser modernizado a cada 20 anos em média, por começar a ter inúmeros gastos em relação a manutenibilidade do equipamento. Para entender melhor, explicarei cada fase da curva da banheira e como ela se correlaciona com o elevador.
A curva da banheira, é dividida em três fases enumeradas na imagem acima: 1. Mortalidade infantil, 2. Vida útil e 3. Envelhecimento ou desgaste. Elas estão relacionadas a taxa de falhas (failure rate) no lado esquerdo/vertical da imagem e pelo tempo (time) que está abaixo na horizontal.
1. Mortalidade infantil: esse é o período da instalação de um elevador novo, onde sempre ocorrem falhas prematuras, originadas por algum problema no processo que pode decorrer por defeitos de fabricação ou problemas de instalação. É bem comum nessa fase inicial, se você teve ou tem um apartamento recém-entregue, que o elevador apresente alguma falha, independente de modelo e fabricante. Por experiência própria de campo, essas falhas vão diminuindo em um período curto de tempo, claro se o mesmo foi montado corretamente e se as manutenções estão sendo realizadas conforme as orientações do fabricante. O que não é comum nessa fase? O elevador apresentar uma taxa muito elevada de falhas durante os 3 primeiros meses. A média comum seriam de 1 a 3 falhas no primeiro mês e com os meses subsequentes essa taxa diminuir, e posteriormente entrando assim na segunda fase.
2. Vida útil: a segunda fase é o principal período de funcionamento do elevador, o equipamento ficará nessa etapa por anos, tende-se a estabilizar a taxa de falhas, apesar do gráfico mostrar uma linha reta nesse período, as falhas ocorrerão. O que definirá essa estabilidade são as manutenções periódicas que devem ser seguidas com extrema qualidade. Também é necessário a substituição de peças preventivamente que venham a desgastar com a utilização, nesse ponto é muito importante o condomínio ter um controle orçamentário com o objetivo de arrecadar recursos financeiros a médio e longo prazo, seja com um contrato de manutenção que tenha essa cobertura, seguros ou reserva em caixa exclusivamente para o elevador. Com o passar dos anos, as peças do elevador podem se tornar obsoletas e o custo poderá ser elevado, conforme o equipamento vai envelhecendo, a taxa de falhas começam a crescer, entrando então na terceira e última fase.
3. Envelhecimento ou desgaste: a última fase do elevador na curva da banheira, começa em média após 15 anos de uso. Nessa fase o equipamento começa a apresentar uma taxa elevada de falhas, uma peça que não é trocada acaba comprometendo outra, trazendo uma verdadeira dor de cabeça para o condomínio. Nesse período é o momento final da vida útil do elevador, e analisar os custos é necessário para tomar a decisão correta, para a troca parcial ou total do equipamento. Na área de elevadores são chamadas: modernização total ou modernização parcial.
O que ocorre após a fase de envelhecimento? Caso opte por modernizar total ou parcialmente, o elevador entrará novamente na fase inicial de mortalidade infantil e o que definirá a confiabilidade é um projeto que contenha uma variação menor de erros.
Conclui-se que o correto funcionamento de um elevador, começa desde a instalação, sendo fundamental realizar uma boa escolha na compra de um elevador. É nela que será definido qual a confiabilidade e durabilidade que o equipamento terá. Existem elevadores bem instalados, conservados e com manutenção de qualidade que funcionam perfeitamente há mais de 25 anos, como também possuem elevadores que com 10 anos de funcionamento, chegam na fase de envelhecimento precocemente.
Antes de comprar ou modernizar um elevador, contrate uma empresa de consultoria independente! É a melhor forma de economizar e escolher o melhor equipamento para as necessidades do edifício. Entre em contato conosco para mais informações!
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Quem é o Carlos Eduardo?
Proprietário da ON Soluções em Engenharia, empresa focada em auditorias/vistorias técnicas, projetos e treinamentos.
Engenheiro Mecânico e Engenheiro de Segurança do Trabalho, além de ter os cursos técnicos em Mecânica e Eletrônica.
Profissional com 14 anos de experiência na área de transportes verticais, na qual, trabalhou nas três maiores fabricantes de elevadores e escadas/esteiras rolantes do mundo.
Membro do Comitê Nacional da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), de estudos, atualizações e revisões de normas técnicas, pertinentes a Cabos de Aços, Elevadores, Plataformas de Acessibilidade, Escadas e Esteiras Rolantes.
E é Colunista na Revista Manutenção Predial e a Revista Elevador Brasil.